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Mostrando postagens de 2011

Frio

Sentir frio as vezes nos faz bem. Deixar o vento tocar nossa pele. Sentir a pele se eriçar. O toque, o sopro do vento, o frio. O vento faz bem pra mente. Nos lembra de quem nós somos, e o quão frágil o ser humano é. É só o vento, entretanto congela nosso peito. Refresca a mente, e nos faz voar junto dele para lugares ocultos em nós, para sentimentos soterrados e congelados pelo tempo. Não é o tempo, é o vento. Sentir frio faz bem. Congelador de tristezas, refrescante às memórias, e conscientiz-a-dor para novas realidades.

Tiro

O tiro veio de não sei onde. Mas me acertou. Não consegui identificar nem direito o que era e a dor que me causava. Mas queimava, e ao mesmo tempo sentia meu corpo se comprimindo, como que numa tentativa vã de expelir aquilo de mim. Às vezes a dor aumentava quando tentava ignorá-la. Só me restava esperar. Esperar. Esperar. Pelo quê? Talvez nem eu soubesse. Em certo ponto já nem sabia mais dizer se a bala se alojara em mim, ou se foi algo externo. As dores, as sensações se confundem tanto, que muitas vezes torna-se difícil distingui-las. Mas o ponto que insistia em girar incessantemente em torno dos meus olhos já verdes de tantos hematomas e pontos cegos era exatamente aquilo – ou talvez mais, afinal também já não sei mais enumerar as coisas, ou se é a coisa - o ponto é que era aquilo, aquilo que não tinha explicação. As respostas, ou melhor, a falta delas me secava a garganta. A água que já não era fácil de engolir tornava-se ainda mais ríspida passando por minhas entranhas. Meus láb

Estados da mente

Vigilância: Realidade consciente Perder pessoas amadas é algo horripilante e capaz de lhe trazer sentimentos intensos de toda as categorias. O mais angustiante é que não é preciso experienciar esse desespero de perto para sentir uma mostra de seus martírios. Os sonhos já fazem isso por mim. Estado Alfa: Subconsciente Acordei assustada, com o coração espremido. Em um único movimento já estava sentada ao pé a cama. Não pensei duas veze e sai logo andando atordoada pela casa perguntando dele. "Ele está tomando café". Parecia tão obvio, mas pra mim ainda não estava claro. Precisava vê-lo, senti-lo e finalmente abraçá-lo. Abri a porta da sala ainda zonza, mas o importante é que lá estava ele, sentado em seu lugar de costume. Não fazia sentido mesmo se não fosse assim. Como um magnetismo de criança que corre para os braços de seu protetor corri até ele em passos sonolentos. Envolvi-o pelas costas em um abraço quente de amor. Ele fez carinho em minha mão que estava em seu peito

Confusão!

Por deveras vezes nosso temperamento fica azedo. O sorriso torna-se perene e caem dos rostos como as folhas caem no inverno no quintal. E de tantas folhas no chão já caídas, irritam, porque são sujeiras que cobrem o piso e desenfeitam a faixada da construção. É assim que por vezes não nos damos conta, mas nos descontrolamos em emoções. O soluço que engasga, a voz doce que chega ríspida. o abraço que se indispõe. A conversa se mantém tímida e prefere deixar para depois. O prazo que por fim, perde a paciência, tira a faca e faz refém. Mas é o todo quem deveria ver tudo, e lembrar qual é mesmo o lugar de quem.

Laranja Lima

A laranja está às metades, ali, sobre a pedra fria. De um lado, já se espremeu todo o suco, para uns ácido, para outros doce e refrescante. É apenas uma laranja. Para alguns uma mera fruta de casca rude que não pode nada mais do que chorar as gotas do seu néctar cítrico. Para outros, poucos e raros, ela é fonte de vida, portadora de semente incríveis. É uma concentração de algo simples, mas que no entanto, é admirável. Gera raízes firmes, tronco sólidos, folhas exuberantes, flores encantadoras e frutos... novos frutos, porém só o verão como o resultado mais aprimorado de uma grande obra, quem enxerga que nada na vida é depressível.

Saúdo a saudade

Sinto ainda os traços de sua presença, mas no lugar dela está apenas seu projetos longos e longe... longe de mim. Ouço, vejo e imagino coisas sobre você, mas já não posso confirmá-las contigo em uma humilde conversa em que vens até meu quarto antes de eu dormir. Lembro-me bem, como entravas em meu quarto me contado as novidades do seu dia, seus planos, seus frutos. Já não posso mais esperar - de tanta saudade, anseio que chegue logo e me conte impaciente tudo que ainda não sei - espero você voltar. Quero saber o que fazes tanto longe de mim, para depois desfrutarmos juntos quando a obra estiver completa e vê-la repleta de tudo aquilo que disse pra mim. Aguardo ansiosa pra abrir-lhe aquele sorriso de orgulho que já brota precipitadamente em meu rosto.

A única flor

Se visse flores na varanda Talvez não me faltasse beleza aos olhos Mas mesmo as flores estando lá Não vejo nem quando as olho Porque beleza tal como a das flores pra mim está em tuas cores não importa o que exista entre mim e ti há um enlace a flor mais formosa e mais bonita somente vejo em tua face Flor só me enche e encanta a'lma se contempla-la me trasbordar calma a mim nem mil ramalhetes serão belos Se as sementes não forem teus olhos

Nuvem de memórias

Suave. Não posso escapar daquele momento. Não consigo me manter no presente pelo simples fato de não estar aqui o que me traria sentido de um agora e de um depois. As memorias divinas são frescas demais para me esquecer pelos menos por alguns segundos sequer. Me entrego. Me entrego a essas memórias como um bebê se entrega aos braços de sua mãe; porque são elas que nos fazem sorrir distraídos, olhando para um ponto qualquer, que nada tem de interessante. Me embalo numa doce espera, que se faz de minha ansiedade serena. Como se cada toque e cada peculiaridade das sensações geradas permanecessem. São insolúveis essas tantas coisas que ficam em mim, a cada dia que passa. São certezas que crescem e coisas que tornam-se pequenas demais para serem relevantes. É tudo tão suave que meu corpo fica leve. Eu nem sinto meus pés no chão.

Cítrico

Procurando por aquilo que nos faz sentir um pontada aguda, um desejável desprazer. Procurando por aqueles vestígios do que não foi dito, nem mostrado, nem apagado. Como chupar um limão com a boca aberta em ferida. Minha curiosidade sempre foi uma de minhas piores inimigas. Poderia deixar quieto, poderia esquecer, ou poderia simplesmente não pensar nisso. Mas é mais forte. Me cutuco, busco memórias que não são minhas. Essa acidez me corroê por dentro.

Se ache, encaixe.

A verdade é que somos cópias mal feitas um do outro. Iguais em loucuras e doses erradas, em devaneios e noites viradas... em beijos, em saudades, em desesperos e sintonias...iguais...em esperança e amor. Somos iguais em quase tudo. Uma cópia errada do que era pra ser um, uno, ou junto. Mas de tão paralelo, próximo e simultâneo é quase desconexo, atrapalhado, travesso. Tudo que é muito igual parece não encaixar tão bem, mas porque o que é igual se soma e não se encaixam na teoria. São projetos mal planejados um do outro, um feito espontâneo em que as medidas saíram todas erradas. São cópias, mas que de tão erradas elas se encaixam entre si.

Tire isso da cabeça

Não leia coisas que já foram ditas, não olhe pro quarto ao lado e nem pense que você pode não acordar cedo amanhã de manha. Qualquer tipo de comparação é besteira. Tire isso da cabeça, menina. Vá brincar no parquinho, ganhar doce da vovó, dar abraço no amigo. A vida nos exige decisões muito extremas, que não nós permitem olhar pra trás, só para os lados. Mundo competitivo, corporativo, contido. Sociedade de repressão. Pessoas críticas, sufocantes, egoístas. Queria ser artista e ter tempo pra parar e pensar na vida. Ter tempo de escalar um tecido, jogar tintas em tela e peças, modelar uma argila, uma vida tranquila. Que venham as criticas, porque nesse mundo é proibido ter paz, isso é sinônimo de ser vagabundo, irresponsável. Não me venha com essa de querer entender o que você não entende. Essas coisas não estão ao alcance do intelecto, essas coisas, são coisas que não se explica, se sente.

Desatina

Tira do corpo a razão e da cabeça o controle. Desarrazoa meu senso e tira o bom senso de um raciocínio lúdico iludido. Seu toque, o modo, seu todo me causa desvarios, devaneios, tresvarias que me extraviam de mim. Tudo procede e cede de um à outro, do outro ao todo, de um pelo outro. Uma dobradura que se desdobra inteira para fazer o que quiser dela; as dádivas do prazer, que se molda em sensações conjuntas que disparatam em delírios, porque tal dádiva é mais que pele, mais que pelo ou apelo, são detalhes de um rosto, o gesto e o gosto de tudo aquilo que desatina em mim o meu amor.

Onírico

Por meios difusos e confusos eu vejo seu rosto. Me enche de gosto e vontade de viver. Viver todas as loucuras que mal cabem em sonhos. O carinho que brota dessa sua face barbada e me risca a pele com gestos dispersos, discretos. São olhos firmes de certezas que gostaria de ter, e me convencem disso. Tem um brilho, e meu riso escorre, esses seus olhos que me olham assim. Sou completamente intocável... porque é impecável te ter pra mim. De sonhos profundos te arranco do fundo de algo que tenho tão dentro de mim. Me conheces bem demais pra dizer que fui menina, e me nina no seu colo de rotina que desatina tudo o que vinha de algum lugar que eu sabia. As palavras que me sobram são as que não sabem dizer, de tudo isso que vem... de um sonho do além, para mais além ainda viver.    

Caos

O ser humano tem dois tipos de sistema: o da normalidade, e o do caos. É típico exagerarmos na carga de drama quando algum problema nos surge, vem daí a expressão “tempestade num copo d’água”. No entanto, quando a situação é realmente preocupante, ativamos um sistema para não termos que encarar essa realidade. Nosso subconsciente tenta nos convencer de que está tudo sob controle. É nesse momento que se instala a cegueira humana; a passividade frente a acontecimentos tão absurdos.

Viver é maior que isso

Não quero ser daquelas pessoas que acertaram muito e viveram de menos.  As pessoas são acostumadas demais a ter posse das coisas, mas esquecem-se que pessoas não são como seus objetos favoritos. Ciúmes não mede seu amor pelas coisas e nem por ninguém. A relação entre os indivíduos é muito mais humana que isso. Não limite-se a sentimentos menores. Saber viver cada momento no seu tempo presente, isoladamente, não significa que tenha deixado de considerar o que já viveu, ou o que ainda vai viver. Não precise de alguém para sustentar sua felicidade, mas divida a sua energia com alguém. Nunca deixa que nada e nem ninguém te esgote, mas que isso não te torne frio. Tire um sorriso daquela cara fechada. Faça aquelas maças rosadas de timidez ficarem vermelhas de calor. Não há receita para vida e nem quem julgue o que são os verdadeiros erros e acertos. Viver é ser livremente até onde vai seu espaço. Mas ser espontâneo não significa que seje inconsequente.

Arte em vida

Uma arte. Ele me desenha com seus dedos que escorregam deslizantes desenhando minha face. Fonte de inspirarão. Ele me cria com cor, calor, encaixe e temperatura perfeita. Seus olhos contornam minha boca e retocam as extremidades. A ponta de seus dedos me dá os detalhes de textura, curva, a leveza e cria em mim um sorriso suave de um leve puxar lateral dos lábios ainda unidos. Sou sua arte. O dorso de sua mão marca meus traços mais fortes...reforçando o queixo, a testa, o nariz, as maçãs. Com a palma umedece minha pele, me dá vida. Eis sua inspirarão, sua arte.

Me diz em pele, olho e saliva

De repente tudo me fez sentido. O diálogo que tínhamos era muito mais profundos do que o diálogo de palavras. Era nas palavras que me dizia com os olhos, com aquele beijo. Aquele beijo que de tão intenso, tão profundo, envolvente, ele era nosso sexo traduzido em meias palavras. Era um sentimento reduzido em saliva. Saliva recíproca, mútua, una. Era quase uma sensação de querer sugá-lo para dentro de mim para que nunca mais o perdesse. E nunca o perderia, pelo menos não dentro de mim. O diálogo racional me entretém, mas o que me instiga é o que me prende. É o silêncio, a ansiedade, a espera que me deixam maluca. É todo aquele conjunto de diálogos tão sem palavras, que se fizeram tão intensos que me tiram as palavras para tentar remeter a algo que eu nunca soube explicar, nunca soube entender. Mas senti intensamente tudo o que ele quis me dizer.

Na roda de Zouk

Sente-se pelas mãos, pelos dedos. Movimento. Movimento que te movimenta, que te leva, conduz, encena. É pela pose, postura, que se vê quem leva jeito; e quem te leva. O braço vai nas escapulas, mas o contato está no corpo. Os pés aflitos, porque já sente-se a batida antecipada e ainda não lhe veio o ritmo. Bochechas vermelhas, pegando fogo. O rosto inteiro. Mas a firmeza daqueles braços, já dizia em cochicho que não há conflito, é só se deixar sentir, e ir. Está ali, me levando e rodando para onde e como ele quiser. Logo de início, mexe meu corpo de tal forma que me fez quebrar de um jeito desconhecido para minhas censuras. Faz do meu corpo o instrumento que desenha o movimento de acordo com a suas pretensões. Junto, corpo a corpo, me quebra o quadril, faz de mim ondas em corpo. Podia sentir em mim o desenho das batidas. Faz a dança nascer dos braços que se cruzam, giram, me giram, trazem pra perto, levam e soltam sem soltar a sintonia. Deixa ir. Me puxa, me gira e gira. De giro em gir

Chegando a algum ponto

Sempre se chega a um ponto. Seja pelo amor, seja pela dor, sempre chegamos a um ponto. O amor com seu caracter inspirador, um tanto quanto devastador, consome ideias, cria sonhos, instiga expectativas, tanto quanto as destrói. É nesse ponto que ambos andam em paralelo, de mãos dadas, e por isso que de tudo chega a algum ponto quando se sabe o que se sente. E eu digo aos presentes que nunca se façam ausentes, porque só chega a algum lugar aqueles que sentem e os distantes são indiferentes.

Insano é quem esquece dos sonhos

Alguma vez já se perguntou o que realmente deseja na sua vida? São tantos os objetivos, regras e deveres que nos esquecemos que caminhos queríamos mesmo seguir. Nem sempre o que está na mão é o que queremos, nem sempre o fácil é o certo, nem sempre o que conquistamos era a intenção. Acabamos por achar que nossos sonhos são aqueles que foram introduzidos em nós por outros e não por nós mesmos. Aprendemos tanto a ouvir que aos poucos desaprendemos a nos ouvir. De repente o que quero pode ser tudo aquilo que me desaconselharam. E ai já não sei mais a que conselhos me prender. Já nem se lembra mais das coisas que você mesmo se prometeu, dos conselhos que na prática viveu e os percebeu válidos ou inválidos. Começamos a fazer movimentos desconexos com o nosso verdadeiro ser. Movimentos de impulso, movimentos de sistemática enraização de ideias e valores que talvez nem sejam os seus. O que realmente importa não é tudo aquilo que sempre te disseram, e sim tudo aquilo que você sempre sentiu.