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Mostrando postagens de dezembro, 2011

Frio

Sentir frio as vezes nos faz bem. Deixar o vento tocar nossa pele. Sentir a pele se eriçar. O toque, o sopro do vento, o frio. O vento faz bem pra mente. Nos lembra de quem nós somos, e o quão frágil o ser humano é. É só o vento, entretanto congela nosso peito. Refresca a mente, e nos faz voar junto dele para lugares ocultos em nós, para sentimentos soterrados e congelados pelo tempo. Não é o tempo, é o vento. Sentir frio faz bem. Congelador de tristezas, refrescante às memórias, e conscientiz-a-dor para novas realidades.

Tiro

O tiro veio de não sei onde. Mas me acertou. Não consegui identificar nem direito o que era e a dor que me causava. Mas queimava, e ao mesmo tempo sentia meu corpo se comprimindo, como que numa tentativa vã de expelir aquilo de mim. Às vezes a dor aumentava quando tentava ignorá-la. Só me restava esperar. Esperar. Esperar. Pelo quê? Talvez nem eu soubesse. Em certo ponto já nem sabia mais dizer se a bala se alojara em mim, ou se foi algo externo. As dores, as sensações se confundem tanto, que muitas vezes torna-se difícil distingui-las. Mas o ponto que insistia em girar incessantemente em torno dos meus olhos já verdes de tantos hematomas e pontos cegos era exatamente aquilo – ou talvez mais, afinal também já não sei mais enumerar as coisas, ou se é a coisa - o ponto é que era aquilo, aquilo que não tinha explicação. As respostas, ou melhor, a falta delas me secava a garganta. A água que já não era fácil de engolir tornava-se ainda mais ríspida passando por minhas entranhas. Meus láb