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Mostrando postagens de 2014

No escuro

                     Se pudesse pedir uma coisa...      cochicharia de um canto escuro do meu quarto:                      - Só não saia da minha visão...por favor...                                                                 vá, mas fica.

Escancarado

Eu amenizo. Digo que quase sei. Que estou meio apaixonada. Mas eu sei que comigo nunca teve meio termo. Utilizo-os por força do hábito.  Intensidade é algo impactante demais. Tira o fôlego, esmaga o peito. De perder o raciocínio literalmente.  Larga esse livro e esse discurso depois de um pico e vem.  Escancarado.  Nesse meu sorriso bobo em tudo que faço. Nesse seu olhar manso em cada traço.  Na nossa censura sem rasuras.  Nem rasa, nem dura.  Que perdura, por pura ventura.

Amarras de sangue quente

Quentinha. Assim acordei confortavelmente envolvida por seus braços que me unem ao seu peito. Não sabes como é bom acordar amarrada por seu carinho. Um golpe completamente desejado - me prende, não me deixa ir, me faz querer ficar. Bochechas quentes em contato com seu centro. Aos suspiros, sinto sua mão alisado minha pele. Ouço música de seus toques. Calma... Tudo está em calma. Vou deixando, então, a manhã se alongar pelos nossos esforços espontâneos de se enroscar um no outro. Apenas vou deixando. Deixando a claridade que entra pela janela se estender em seus dedos me roçando. Deixo que o beijo dure. Deixo, sem notar, que o tempo cure. Já nem me lembrava  de que buscava algum tipo de cura.  Assim, a manha macia perdura em silêncio - exceto  pelo som de nossa respiração, de compassos definidos. Seu sangue quente faz o meu, antes ameno, ferver. Somos um encaixe quando estamos sobre uma mesma cama. Quente, sutil. Te descubro aos poucos, dos lençóis e dos segredos. Seu olhar se esquiva

Violão angelical

Me tocou como cordas de um violão angelical. Se é que anjos tocam esse instrumento. Doce e suave fez violão soar como arpas, violinos ou qualquer outro desses objetos capazes de tocar a'lma subitamente quando acariciados. Ele faz carinho musical. Som macio, como sua barba, leve, porém não falha, porque cumpriu muito bem sua função. Tirou de mim um sorriso e alguma sensação dessas que não sabemos descrever bem. Assim como não sei explicar como o seu violão me parecia qualquer outra coisa mais angelical e sublime que tantos outros tão tocados por aí.

Platônico Reciproco

Estamos reinventando o platônico.  E sem nome do sentimento que vem na frente porque este não precisa necessariamente de uma definição. Nesse caso, ainda menos. Já que não chega a ser, algo que realmente seja. O platônico aqui não é porque só vem de mim, ou só de um lado. Ambos sabem. Ambos sentem. Ambos querem, mas o querem assim. Platônico porque ambos querem que não aconteça. Talvez o interesse venha justamente pela certeza de não ser. E sendo assim, ele – esse sentimento indefinido, sem forma, sem data, sem pressa, sem começo e porque não, também sem fim? – é platônico. Platônico no sentido que nunca virá a ser mais que isso. Mas um interesse comum em reparar no que o outro fala, e ter certa curiosidade nos pensamentos da pessoa. Um quase desejo que não é, porque um sorriso de admiração vem antes. E só. Por isso, platônico. Platônico por que se vive às vezes uma coisa ou outra em sonhos. Mas a realidade é muito menos espontânea. Platônico simultâneo de olhares que não se cruzam, m

Saudades é realidade?

Minha saudades não é de nada que tive e hoje falta. Minha saudades é de uma presença que nunca existiu. Presença que nunca esteve aqui, apenas imagino. Saudades de algo que eu mesma crio, recrio. Talvez, saudades do desconhecido. Saudades daquilo que não foi ou daquilo que pode ser. Saudades do que não sei - mas anseio tanto por saber - que sinto saudades de quase saber. Saudades ao menos do quase - já que quase, ainda é mais que nada. Pois quando é quase, é porque em algum momento beirou ser sim. A saudades é desse quase sim – não do quase nada. Saudades de chegar bem perto, sentir o frio na barriga da quase descoberta. Saudades de sentar naquela mesinha – que só prometemos – e ouvir as tantas histórias que você queria me contar – ou que talvez só eu quisesse ouvir. Saudade de ver seu sorriso sincero e aberto, ao vivo e de perto. De todas as saudades, talvez a única real. Pois do seu sorriso tenho uma lembrança no lugar de mais uma saudade inventada.

Urgente!

É urgente que as pessoas se amem Sem vergonha e sem tristeza É urgente que as pessoas não temam a felicidade Sejam quem são de verdade É urgente que as pessoas ouçam mais Sem julgar e sem falar demais É urgente que as pessoas sejam gente Por mais que se passem anos Não há nada mais urgente do que nós, seres, sermos mais humanos.