De repente tudo me fez sentido. O diálogo que tínhamos era muito mais profundos do que o diálogo de palavras. Era nas palavras que me dizia com os olhos, com aquele beijo. Aquele beijo que de tão intenso, tão profundo, envolvente, ele era nosso sexo traduzido em meias palavras. Era um sentimento reduzido em saliva. Saliva recíproca, mútua, una. Era quase uma sensação de querer sugá-lo para dentro de mim para que nunca mais o perdesse. E nunca o perderia, pelo menos não dentro de mim. O diálogo racional me entretém, mas o que me instiga é o que me prende. É o silêncio, a ansiedade, a espera que me deixam maluca. É todo aquele conjunto de diálogos tão sem palavras, que se fizeram tão intensos que me tiram as palavras para tentar remeter a algo que eu nunca soube explicar, nunca soube entender. Mas senti intensamente tudo o que ele quis me dizer.
Eu não sei o que ocorre. Nem o que percorre em minha mente. Mas minhas bochechas queimam. Só pensando na possibilidade. Eu não tenho certeza. Mas na dúvida... Minhas bochechas ardem. Um frio, concentradamente gelado eletriza-me subindo pelo meio-fio de meu estômago, agitando minhas células que se aquecem em questão de segundos. Tento respirar normalmente, mas percebo que prendo a respiração e sinto que minha face enrubesce. O sangue agora se concentra veemente em minha cabeça e não mais se espalha normalmente pelo meu corpo. Momentaneamente meus pés formigam... A sensação se espalha pelos meus dedos, imóveis sobre a mesa, que param imediatamente de exercer qualquer movimento voltado para outra atividade. Rimos alto. Essa foi minha única saída. Tento espiar com rabo de olho, mas meu desconcertante nervosismo me deixa quente. Queria entender o porquê desse efeito sobre mim. Sinto-me imediatamente tosca e preocupada. Deveria eu estar assim? Acho que não. Mas meu descont...
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