Suave. Não posso escapar daquele momento. Não consigo me manter no presente pelo simples fato de não estar aqui o que me traria sentido de um agora e de um depois. As memorias divinas são frescas demais para me esquecer pelos menos por alguns segundos sequer. Me entrego. Me entrego a essas memórias como um bebê se entrega aos braços de sua mãe; porque são elas que nos fazem sorrir distraídos, olhando para um ponto qualquer, que nada tem de interessante. Me embalo numa doce espera, que se faz de minha ansiedade serena. Como se cada toque e cada peculiaridade das sensações geradas permanecessem. São insolúveis essas tantas coisas que ficam em mim, a cada dia que passa. São certezas que crescem e coisas que tornam-se pequenas demais para serem relevantes. É tudo tão suave que meu corpo fica leve. Eu nem sinto meus pés no chão.
Eu não sei o que ocorre. Nem o que percorre em minha mente. Mas minhas bochechas queimam. Só pensando na possibilidade. Eu não tenho certeza. Mas na dúvida... Minhas bochechas ardem. Um frio, concentradamente gelado eletriza-me subindo pelo meio-fio de meu estômago, agitando minhas células que se aquecem em questão de segundos. Tento respirar normalmente, mas percebo que prendo a respiração e sinto que minha face enrubesce. O sangue agora se concentra veemente em minha cabeça e não mais se espalha normalmente pelo meu corpo. Momentaneamente meus pés formigam... A sensação se espalha pelos meus dedos, imóveis sobre a mesa, que param imediatamente de exercer qualquer movimento voltado para outra atividade. Rimos alto. Essa foi minha única saída. Tento espiar com rabo de olho, mas meu desconcertante nervosismo me deixa quente. Queria entender o porquê desse efeito sobre mim. Sinto-me imediatamente tosca e preocupada. Deveria eu estar assim? Acho que não. Mas meu descont...
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