A laranja está às metades, ali, sobre a pedra fria. De um lado, já se espremeu todo o suco, para uns ácido, para outros doce e refrescante. É apenas uma laranja. Para alguns uma mera fruta de casca rude que não pode nada mais do que chorar as gotas do seu néctar cítrico. Para outros, poucos e raros, ela é fonte de vida, portadora de semente incríveis. É uma concentração de algo simples, mas que no entanto, é admirável. Gera raízes firmes, tronco sólidos, folhas exuberantes, flores encantadoras e frutos... novos frutos, porém só o verão como o resultado mais aprimorado de uma grande obra, quem enxerga que nada na vida é depressível.
Eu não sei o que ocorre. Nem o que percorre em minha mente. Mas minhas bochechas queimam. Só pensando na possibilidade. Eu não tenho certeza. Mas na dúvida... Minhas bochechas ardem. Um frio, concentradamente gelado eletriza-me subindo pelo meio-fio de meu estômago, agitando minhas células que se aquecem em questão de segundos. Tento respirar normalmente, mas percebo que prendo a respiração e sinto que minha face enrubesce. O sangue agora se concentra veemente em minha cabeça e não mais se espalha normalmente pelo meu corpo. Momentaneamente meus pés formigam... A sensação se espalha pelos meus dedos, imóveis sobre a mesa, que param imediatamente de exercer qualquer movimento voltado para outra atividade. Rimos alto. Essa foi minha única saída. Tento espiar com rabo de olho, mas meu desconcertante nervosismo me deixa quente. Queria entender o porquê desse efeito sobre mim. Sinto-me imediatamente tosca e preocupada. Deveria eu estar assim? Acho que não. Mas meu descont...
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