Por meios difusos e confusos eu vejo seu rosto. Me enche de gosto e vontade de viver. Viver todas as loucuras que mal cabem em sonhos. O carinho que brota dessa sua face barbada e me risca a pele com gestos dispersos, discretos. São olhos firmes de certezas que gostaria de ter, e me convencem disso. Tem um brilho, e meu riso escorre, esses seus olhos que me olham assim. Sou completamente intocável... porque é impecável te ter pra mim. De sonhos profundos te arranco do fundo de algo que tenho tão dentro de mim. Me conheces bem demais pra dizer que fui menina, e me nina no seu colo de rotina que desatina tudo o que vinha de algum lugar que eu sabia. As palavras que me sobram são as que não sabem dizer, de tudo isso que vem... de um sonho do além, para mais além ainda viver.
Eu não sei o que ocorre. Nem o que percorre em minha mente. Mas minhas bochechas queimam. Só pensando na possibilidade. Eu não tenho certeza. Mas na dúvida... Minhas bochechas ardem. Um frio, concentradamente gelado eletriza-me subindo pelo meio-fio de meu estômago, agitando minhas células que se aquecem em questão de segundos. Tento respirar normalmente, mas percebo que prendo a respiração e sinto que minha face enrubesce. O sangue agora se concentra veemente em minha cabeça e não mais se espalha normalmente pelo meu corpo. Momentaneamente meus pés formigam... A sensação se espalha pelos meus dedos, imóveis sobre a mesa, que param imediatamente de exercer qualquer movimento voltado para outra atividade. Rimos alto. Essa foi minha única saída. Tento espiar com rabo de olho, mas meu desconcertante nervosismo me deixa quente. Queria entender o porquê desse efeito sobre mim. Sinto-me imediatamente tosca e preocupada. Deveria eu estar assim? Acho que não. Mas meu descont...
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