Sente-se pelas mãos, pelos dedos. Movimento. Movimento que te movimenta, que te leva, conduz, encena. É pela pose, postura, que se vê quem leva jeito; e quem te leva. O braço vai nas escapulas, mas o contato está no corpo. Os pés aflitos, porque já sente-se a batida antecipada e ainda não lhe veio o ritmo. Bochechas vermelhas, pegando fogo. O rosto inteiro. Mas a firmeza daqueles braços, já dizia em cochicho que não há conflito, é só se deixar sentir, e ir. Está ali, me levando e rodando para onde e como ele quiser. Logo de início, mexe meu corpo de tal forma que me fez quebrar de um jeito desconhecido para minhas censuras. Faz do meu corpo o instrumento que desenha o movimento de acordo com a suas pretensões. Junto, corpo a corpo, me quebra o quadril, faz de mim ondas em corpo. Podia sentir em mim o desenho das batidas. Faz a dança nascer dos braços que se cruzam, giram, me giram, trazem pra perto, levam e soltam sem soltar a sintonia. Deixa ir. Me puxa, me gira e gira. De giro em giro cheguei a perder o chão e achar que me conduzia só pelas mãos; ou pelo olhar. Olhava-me fundo, traduzia em cochichos e olhares um Zouk com legenda: desprenda-se.
Ele era modesto, tinha 34 e muito pique. Dançava muito bem, desenhava o movimento que queria, até mesmo no corpo mais virgem de qualquer movimento e não se convencia de que era o melhor condutor. Creio que isso durou até me levar com ele. Porque ele me fez saber de tudo que não sabia até então, sem saber. Chegava a me antecipar em giros, porque a ansiedade me subia a corpo e imaginava o que queria pelo leve puxar dos dedos dele na minha cintura, ou pelo modo que me soltava por quase um segundo. Meus batimentos de certo estavam no mínimo a mesmo nível que o dele, que já estava ofegante, e ainda assim me fez girar e dançar como ninguém havia feito. Não pensei em nada, me deixei ir, nos toques que me guiavam, no ritmo e no mais difícil, no sentimento da música como ele diz. Aquele sussurro discreto ficava na minha cabeça e eu o ouvia mesmo quando não dizia. É pelas mãos, pelos impulsos e pulsos que giravam em minha cintura que eu sabia. Quem conduz de verdade é quem tem a certeza em si. Quem te faz ser o que se quer é quem te leva em firmeza e te sussurra coisas sem dizer.
Ele era modesto, tinha 34 e muito pique. Dançava muito bem, desenhava o movimento que queria, até mesmo no corpo mais virgem de qualquer movimento e não se convencia de que era o melhor condutor. Creio que isso durou até me levar com ele. Porque ele me fez saber de tudo que não sabia até então, sem saber. Chegava a me antecipar em giros, porque a ansiedade me subia a corpo e imaginava o que queria pelo leve puxar dos dedos dele na minha cintura, ou pelo modo que me soltava por quase um segundo. Meus batimentos de certo estavam no mínimo a mesmo nível que o dele, que já estava ofegante, e ainda assim me fez girar e dançar como ninguém havia feito. Não pensei em nada, me deixei ir, nos toques que me guiavam, no ritmo e no mais difícil, no sentimento da música como ele diz. Aquele sussurro discreto ficava na minha cabeça e eu o ouvia mesmo quando não dizia. É pelas mãos, pelos impulsos e pulsos que giravam em minha cintura que eu sabia. Quem conduz de verdade é quem tem a certeza em si. Quem te faz ser o que se quer é quem te leva em firmeza e te sussurra coisas sem dizer.
Essa é a dança da vida e com ela vou me conduzindo nos caminhos mais alegres, com girassóis que giram a cabeça e pensamentos e nos fazem felizes apenas por sentir a força do vento. Te quero do lado, garota.
ResponderExcluirAinda não havia encontrado uma definição escrita que pudesse definir em palavras o momento mágico do toque das mãos e do encontro do olhar determinando ordem e direção do próximo movimento!
ResponderExcluirachei que alguém que pudesse fazê-lo antes mesmo de conhecer bem aonde isso acaba.
Incrível seu texto.
Bjo.
Mau