Hoje pude perceber que estamos mesmo há algum tempo juntos. Estive reparando em manias, trejeitos, coisas, que só se fazem assim... quando se está a dois. Porque é o tipo de coisa que se constrói junto, e com a repetição, e essa repetição vêm com o tempo. Tempo é mesmo algo bem curioso. Mas é mais curioso ainda achar que você sentiu algo que não se sente; no caso, o tempo. Senti no nosso riso. Senti nas minhas manias, nas manias dele. Senti na minha mão por debaixo da coxa dele e a dele na direção. A minha teimosia sem sentido, o riso dele das nossas bobeiras, o beijinho espontâneo. Estava nos gestos de ambos, nas pequenas atitudes, nos carinhos, na satisfação. Estava com nós e em nós. O tempo estava ali escancarado. Pude sentir hoje que estávamos há um tempo assim: a dois.
Eu não sei o que ocorre. Nem o que percorre em minha mente. Mas minhas bochechas queimam. Só pensando na possibilidade. Eu não tenho certeza. Mas na dúvida... Minhas bochechas ardem. Um frio, concentradamente gelado eletriza-me subindo pelo meio-fio de meu estômago, agitando minhas células que se aquecem em questão de segundos. Tento respirar normalmente, mas percebo que prendo a respiração e sinto que minha face enrubesce. O sangue agora se concentra veemente em minha cabeça e não mais se espalha normalmente pelo meu corpo. Momentaneamente meus pés formigam... A sensação se espalha pelos meus dedos, imóveis sobre a mesa, que param imediatamente de exercer qualquer movimento voltado para outra atividade. Rimos alto. Essa foi minha única saída. Tento espiar com rabo de olho, mas meu desconcertante nervosismo me deixa quente. Queria entender o porquê desse efeito sobre mim. Sinto-me imediatamente tosca e preocupada. Deveria eu estar assim? Acho que não. Mas meu descont...
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