Queria fazer um desenho. Um desenho de muita cor. Não que esse tivesse cor nele de fato. Mas que quem o visse, visse nele muita cor. Um laranja otimismo, cores quentes em idéias pra dar mais calor. Mas queria ver mesmo as frias, bem vibrantes no meu ver. O azul escurecido, mas não exatamente aquele blasé. Cores assim, bem acrobáticas, como uma verde água azulado, mas também não muito claro, aquele tom bem instigante, mas que ninguém nunca soube descrever. O branco pode até comparecer; são as lacunas da mente que ainda temos para preencher. Mas que as frigidas façam o favor de desaparecer. Quero um desenho nos meus textos e no meu dizer. A cor morna de um abraço bordô. Uma boca rosada, a pipoca vermelha, e a língua-sangue de muito sabor. Minha vida como meus artistas, que a cor consiste na mente e não no fato de ver. Eu faço um desenho que está em mim e as cores que vejo, não insista, elas não estão no papel.