O ímpeto humano é crítico. Crítico a tudo, mas sobretudo ao porque sente - não ao porque pensa. Pensar surge como que num ato de orgulho - pensando ser instinto - sendo em verdade mero vício cerebral de decodificar tudo. Classificar, ordenar, organizar. Em uma tentativa vã de significar o insignificável, de explicar o que não cabe explicação, de afirmar sobre o desconhecido. Tolo. De tão esperto, sabota-se, fugindo da sua propriedade mais pura de assumir que nada sabe e pouco compreende. O compreensível - se puder ser justo - lhe escapa em seu primeiro ato de pensá-lo. Ao pensar, por si só, já deixa de ver o que é invisível aos olhos - sentido tão valorizado aos que pensam demais. De todos os sentidos falta um que é todos e nenhum. E o único que sente para além de Maya - porque vai para dentro e para todos, por todos e por si. Mas acima de tudo, porque é o que é. De volta ao ponto. O ponto é que o ímpeto humano não é o que o humano é. Ímpeto é impulso, fuga. Fuga tem esforço, o que so
Já tentei me convencer do contrário. Mas não vou esquecer daquela noite. Já tentei olhar por mil pontos de vistas, mas minha mente insiste em um. Já tentei simplesmente não pensar, mas quanto mais tento, mais penso. Até quando me distraio, por um segundo de distração, me dis(traio) da distração e seus lábios perto do meu já ilustraram as fotografias do meu pensamento. Um lapso; racionalmente substituo rapidamente essa imagem por outra. Select. Delete. Copy. Paste. Merge. Block layer. Erro. No automático a mente faz Ctrl Z em sequência em busca de seus contornos novamente. A pergunta que me fez quase brincando aquela noite - na verdade já era dia, né... - agora se condensa na janela fria atingida pela chuva. E agora? A mesma resposta muda que te dei, é a mesma que me resta agora. Esse mesmo agora que parece ao mesmo tempo excitante e pálido. Há algo em mim aceso agora, porque de repente tudo parece possível. Uma motivação desproporcional, vontade súbita de fazer as coisas acontecerem.