Já tentei me convencer do contrário. Mas não vou
esquecer daquela noite. Já tentei olhar por mil pontos de vistas, mas minha
mente insiste em um. Já tentei simplesmente não pensar, mas quanto mais tento,
mais penso. Até quando me distraio, por um segundo de distração, me dis(traio)
da distração e seus lábios perto do meu já ilustraram as fotografias do meu
pensamento. Um lapso; racionalmente substituo rapidamente essa imagem por
outra. Select. Delete. Copy. Paste. Merge. Block layer. Erro. No automático a mente
faz Ctrl Z em sequência em busca de seus contornos novamente. A pergunta que me
fez quase brincando aquela noite - na verdade já era dia, né... - agora se condensa na janela fria atingida pela chuva. E
agora? A mesma resposta muda que te dei, é a mesma que me resta agora. Esse
mesmo agora que parece ao mesmo tempo excitante e pálido. Há algo em mim aceso
agora, porque de repente tudo parece possível. Uma motivação desproporcional,
vontade súbita de fazer as coisas acontecerem. Mas por outro lado, parece vã.
Espremo os olhos, doí, quando lembro que agora nada. Disso tudo, não adianta
nada. De nada adianta tanta efervescência. Essa coragem toda de jogar tudo pra
cima... pode é jogar no lixo. Porque o máximo permitido foi o que deu, e o que
dava já foi dito. E agora?
Eu não sei o que ocorre. Nem o que percorre em minha mente. Mas minhas bochechas queimam. Só pensando na possibilidade. Eu não tenho certeza. Mas na dúvida... Minhas bochechas ardem. Um frio, concentradamente gelado eletriza-me subindo pelo meio-fio de meu estômago, agitando minhas células que se aquecem em questão de segundos. Tento respirar normalmente, mas percebo que prendo a respiração e sinto que minha face enrubesce. O sangue agora se concentra veemente em minha cabeça e não mais se espalha normalmente pelo meu corpo. Momentaneamente meus pés formigam... A sensação se espalha pelos meus dedos, imóveis sobre a mesa, que param imediatamente de exercer qualquer movimento voltado para outra atividade. Rimos alto. Essa foi minha única saída. Tento espiar com rabo de olho, mas meu desconcertante nervosismo me deixa quente. Queria entender o porquê desse efeito sobre mim. Sinto-me imediatamente tosca e preocupada. Deveria eu estar assim? Acho que não. Mas meu descont...
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