Estamos conversando,
olhando fundo nos olhos e sorrindo sorrisos graciosos de um contentamento
indescritível, beirando o invisível, por algo tão simples. A felicidade às vezes mora na simplicidade
genuína de momentos como esse. Deito minha cabeça em seu colo e meu sorriso se
afunda em suas coxas, tornam suas ex-falas risadas e nossas málicas
compartilhadas.
Você impregnado no meu inconsciente, de tão insiste, quase consciente.
Mesmo em momentos que
absolutamente não faria nenhum sentido você me revisitar. Por quê? Por que
você? É tão absurdo... Quando acordo é sempre um susto. Os sonhos são sempre
leves e levianos. Incrivelmente entusiasmados com o ridículo do insensato. Cada expressão, cada gestos espremem trocas imaginárias que deixam resíduos no fundo de
nossas mentes que permanecem sedentas, talvez fique também um reflexo paralisado em nossos corpos. Um
movimento que ficou por fazer... mas que nunca se fará. Absurdo! Feito faca de dois gumes, absurdo seria a não realização de algo tão instintivamente natural, perfeitamente fatal, mas mais absurdo é sua própria forma elementar de efetivação. Mas nos sonhos sempre experimentamos o
não-limite, e mesmo assim, resisto, degusto neles das ações
incompletas, de detalhes tão mais singelos mas, misteriosamente, muito mais
prazerosos que o jogo entregue. Talvez elaborando uma realidade acentuada.
Memórias em formas mais descaradas. Descarada...
Tem tanta gente para sonhar,
tanta gente que teria muita mais coerência, muito mais vivências, memórias...
por que você? Já faz dias que não te vejo, e ainda assim... Por quê? Por que
isso faz questão de viver? É realmente absurdo como não temos controle de fato
das nossas incitações internas, apenas fingimos ter... apenas fingimos. Nossa
excitação com jogos de olhos, risos, na realidade passa despercebido - ainda mais com um bom rock e shots - mas em
sonhos toques desprendidos despejam uma carga intensa de “Eu sei o que você
está pensando... Porque eu também estou”.