Ele me toca. Toca minha mente e pele. Toca meu dorso e eu me
retorço sob seus dedos lentos repletos de alento. Sua língua eloquente deixa-me
quente, pois a saliva debaixo das palavras retóricas transpõe as vontades
teóricas que cessam em beijos mudos de bocas zelosas. No escuro, persuasivo,
partindo do não, percebe-se o vão, de agir sem negação. Sem qualquer restrição
o desejo consome. As questões filosóficas ficam para depois ou são discutidas
sob óticas mais carnais, com palpites sensoriais e intromissões da mente fantasiosa
- que jamais se ausenta e fermenta ambições da alma em corpo. Instintiva (a)
mente, cala os sussurros com o pretexto de dar vez para as mãos falarem.
Rastejantes, dizem tudo que lábios sedentos de toque reprimem. Unidos, pela
leve pressão do contato, abstraem letras e tecem diálogos etéreos. Pensamentos
flutuam aéreos, enquanto o corpo, em inércia, não pode alterar seu movimento
natural induzido pelo torpor das sensações intrínsecas. A lógica desbota, e se
depara estéril, fecundada pelos prazeres de perder o(s) sentido(s). Assim, me
convence.
O silêncio oportuno é mais eloquente (e quente) que o
discurso.
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