Sempre que tinha sonhos como este - raros, com lacunas de anos entre um e outro, mas que insistiam em voltar - ela não queria acordar. É como se soubesse como era o beijo dele sem saber. Era como se soubesse como flutuaria, sabendo pelo pouquíssimo que sabia. Via nele uma ilha de mistérios e filosofias concretas que enchiam seus olhos de sonhadora nata.
O conheceu sem o conhecer desde muito pequena. Ainda nem entendia os conflitos e complexidades da vida. Era apenas uma menina tentando buscar uma inspiração diária. Ou algo que não pudesse compreender completamente para tomá-lo como desafio. Não lhe faltavam opções, mas entender alguém é algo sempre muito mais instigante.
Ele a instigava. Desde de que ouvira seu nome pela primeira vez. E ainda mais quando as histórias com ele circundavam seus ouvidos. Isso aumentou quando o viu. Esse movimento talvez não tenha cessado em nenhum momento. Conversas, desde muito cedo, não a saciavam. Elas lhe davam mais sede, de ouvir, de entender, de explorar... descobrir. E de querer ser ouvida por ele. Nunca conhecera alguém que ouvia tanto como ele. Bom observador. Ele descobria as pessoas pelas rebarbas. Ela sempre se questionava se deixava muitas rebarbas sobre o que pensava sobre ele. Nem ela sabia na verdade. Talvez não soubesse nem mesmo se definir ainda. Talvez perto dele ainda fosse aquela menina. Admiradora de sua calma... e alma.
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