Vêm-me impulsos. Sinto isso nas minhas veias mais internas. Atravessam meus pulsos como se pudessem trasvasá-los. Vibrantes. Chegam às pontas de meus dedos, dormentes. Quero dizer sobre coisas incompreensíveis e incompreendidas. Coisas íntimas. Coisas universais. Porém coisas as quais devido a sua tamanha complexidade talvez não sejam encarregadas a mim para dizê-las, seja pelo meu vocabulário curto para ampará-las em todas as suas amplitudes e peculiaridades extremas de expressão, que exijam a linguagem que me foge, seja por não conhecê-las mesmo. Neste ponto é que se instala o paradoxo a que me deparo todos os dias: o que está aqui só eu posso traduzir, mas se não souber fazê-lo, então ninguém jamais o saberá.